Tomando por ocasião o post anterior, no qual foi estabelecida a correspondência entre o Segundo Mandamento e as Duas Testemunhas apocalípticas; há uma qualificação secundária que se apresenta a respeito. A relação entre intelecção e manifestação, ou entre o sacerdote e o nobre; guarda correspondência com certa dualidade que é própria do nobre, a saber, a elegância e a vulgaridade, ou o sublime e o profano. Esta última dualidade ou noção, que pode cerrar em si (com outras variações) os dois últimos pares de particularização mencionados; parece ser a maneira com a qual o nobre expressa a conexão entre ele e o sacerdote; e portanto, se está diante de certo reforço da tese segundo a qual toda a atividade do nobre é excitada e mantida pelo sacerdote.
O clássico, que não é outra coisa senão a interconexão entre a elegância e o vulgar, ou o sublime e o profano (a gentileza e a crueldade seriam uma variação particular nesta mesma ordem); parece ser ele a maneira reflexa, a expressão remota, da submissão do nobre ao sacerdote, e a expressão da nobreza enquanto uma promoção política propiciadora do sacerdote. Com o clássico o nobre impõe aos homens vulgares certa reverência, ao lhes comunicar certa gratificação intelectual na medida em que a podem reter; e ao mesmo tempo, com o clássico, o nobre disponibiliza ao sacerdote (sob a forma de certo conforto) um conteúdo desde o qual atualizar e descompactar intuições tradicionais, por assim dizer, entesouradas e veladas.
Ora, o caráter do que é clássico pode ser transposto para além da literatura, e pode ser associado ao próprio nobre, como também à essência da filosofia (e mais significativamente ainda, à essência do milagre). Por isso é manifesto que o Segundo Mandamento está ligado a todos esses domínios, ao ponto de se poder entender que o caráter do que é clássico é o caráter do que é relativo ao Segundo Mandamento.
Uma vez que aquilo que é clássico diz de certa exteriorização ou relativa dispersão ou distribuição do que se havia concentrado; é manifesto que a promoção do Segundo Mandamento é tanto mais profunda e carregada de extensão quanto mais é associável a uma preparação íntima; isto é, ao sacerdote, como oposto ao nobre. Essa consideração guarda correspondência com a castidade, por exemplo sob o aspecto do seu caráter encorajador, ser mais associável a um princípio do mundo secular do que o próprio matrimônio. Então se nota que, ao menos em certo sentido latente, a vida contemplativa, enquanto germe da formulação clássica, é já um fenômeno clássico; tanto quanto a castidade, enquanto fundamento da sociedade (e portanto do Segundo Mandamento) é já uma profissão do Segundo Mandamento.